Taxa Selic: O que é, como funciona e qual seu impacto na economia e nos investimentos
CONCEITOS E CONTEÚDOS
8/24/20254 min read
Taxa Selic: o que é, como funciona e qual seu impacto na economia e nos investimentos
Quando falamos em economia brasileira, um dos termos mais importantes — e que aparece em quase todas as notícias financeiras — é a taxa Selic.
Ela influencia desde o financiamento da casa própria até o rendimento de aplicações em renda fixa. Mas afinal, você sabe o que é a Selic, como é definida e por que ela é tão importante?
Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que é a taxa Selic, como ela é calculada, seus impactos no país, no bolso das famílias e no mundo dos investimentos.
O que é a taxa Selic?
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira.
O nome vem de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um sistema eletrônico usado pelo Banco Central para registrar e controlar a negociação de títulos públicos federais.
Na prática, a Selic serve como referência para todas as taxas de juros do país:
Taxas de empréstimos e financiamentos.
Rendimentos da poupança e da renda fixa.
Expectativas do mercado financeiro.
Como a Selic é definida?
A Selic é decidida pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne a cada 45 dias.
Nessas reuniões, os diretores do Banco Central analisam a situação da economia — inflação, crescimento, câmbio, cenário internacional — e definem se a taxa deve subir, cair ou permanecer estável.
Selic Meta x Selic Over
Selic Meta: é a taxa definida pelo Copom e divulgada como referência para a economia.
Selic Over: é a taxa média diária das operações financeiras entre os bancos, registrada no sistema Selic.
Na prática, quando falamos em Selic, nos referimos à Selic Meta.
Por que a taxa Selic existe?
O principal objetivo da Selic é controlar a inflação.
Quando a inflação está alta → o Banco Central aumenta a Selic para encarecer o crédito e reduzir o consumo.
Quando a inflação está baixa → o Banco Central diminui a Selic para estimular o crédito, o consumo e o crescimento da economia.
Ou seja, a Selic é a ferramenta de política monetária mais importante do país.
Impactos da Selic na economia
A decisão do Copom sobre a Selic não afeta apenas bancos e investidores, mas toda a sociedade.
1. Crédito e consumo
Com Selic alta → empréstimos, financiamentos e cartões ficam mais caros. Isso reduz o consumo.
Com Selic baixa → crédito mais barato, estimulando compras e investimentos empresariais.
2. Inflação
Juros altos reduzem a pressão sobre os preços.
Juros baixos incentivam a demanda e podem pressionar a inflação.
3. Crescimento econômico
A Selic é uma balança: controlar a inflação sem frear demais a economia.
4. Dívida pública
Grande parte da dívida do governo é atrelada à Selic.
Quando ela sobe, o custo da dívida aumenta.
Quando cai, o governo paga menos juros.
Selic e investimentos
A Selic tem impacto direto nos investimentos, especialmente na renda fixa.
Renda fixa pós-fixada
Tesouro Selic e CDBs atrelados ao CDI (que acompanha a Selic) rendem mais quando a taxa sobe.
É a aplicação mais ligada à Selic.
Renda fixa prefixada
Quando a Selic está alta, os títulos prefixados oferecem rentabilidades maiores para atrair investidores.
Se a Selic cair depois, quem comprou prefixado pode sair ganhando.
Tesouro IPCA+
Combina inflação + taxa fixa. A Selic influencia o prêmio pago nesses títulos.
Poupança
A poupança tem regra específica:
Se a Selic for até 8,5% ao ano, ela rende 70% da Selic + TR.
Se a Selic for maior que 8,5%, ela rende 0,5% ao mês + TR.
Renda variável
Selic alta → renda fixa fica mais atrativa, e a bolsa pode perder fôlego.
Selic baixa → investidores migram para a bolsa em busca de maiores retornos.
Selic e o bolso do consumidor
Mesmo quem nunca investiu já sentiu os efeitos da Selic:
Financiamento imobiliário: parcelas ficam mais caras com Selic alta.
Cartão de crédito e cheque especial: juros sobem ainda mais em relação à Selic.
Empréstimos pessoais: taxas ficam mais pesadas com Selic elevada.
Consumo no geral: bens duráveis, como carros e eletrodomésticos, são afetados pela facilidade ou dificuldade de crédito.
Histórico da Selic no Brasil
A taxa Selic foi criada em 1979. Desde então, já passou por momentos extremos:
1999–2003: chegou a superar 40% ao ano, em meio a crises econômicas.
2016: estava em 14,25% ao ano.
2020: durante a pandemia, caiu para 2% ao ano, a mínima histórica.
2022–2023: voltou a subir para controlar a inflação, chegando a 13,75% ao ano.
Essa oscilação mostra como a Selic é usada como ferramenta de equilíbrio entre crescimento e inflação.
Selic e o regime de metas de inflação
O Brasil adota o sistema de metas de inflação desde 1999.
O governo define uma meta anual para a inflação (ex: 3,0% com margem de 1,5%).
O Banco Central usa a Selic para manter a inflação dentro desse intervalo.
Esse modelo traz credibilidade e previsibilidade para a economia, ajudando a atrair investimentos e estabilizar o mercado.
Selic e CDI: qual a diferença?
Muita gente confunde Selic com CDI.
Selic: taxa básica definida pelo Banco Central.
CDI (Certificado de Depósito Interbancário): taxa média dos empréstimos entre bancos, que acompanha de perto a Selic.
➡️ Na prática, quando você vê um CDB rendendo “100% do CDI”, saiba que ele está atrelado à Selic.
Selic alta x Selic baixa: vantagens e desvantagens
Selic alta
✅ Bom para investidores de renda fixa.
✅ Ajuda a controlar a inflação.
❌ Crédito caro e economia desacelerada.
❌ Empresas e famílias endividadas sofrem mais.
Selic baixa
✅ Crédito barato, estimula consumo e investimentos.
✅ Economia mais aquecida.
❌ Renda fixa menos atrativa.
❌ Pode gerar pressão inflacionária.
Como acompanhar a Selic
O Banco Central divulga a taxa Selic em seu site após cada reunião do Copom.
Diversos portais de economia e aplicativos de investimentos também atualizam a informação em tempo real.
Saber a Selic é essencial para qualquer pessoa que deseja:
Planejar dívidas e financiamentos.
Escolher investimentos de forma inteligente.
Entender os movimentos da economia.
Conclusão: a Selic como termômetro da economia
A Selic é muito mais que um número técnico: ela é um termômetro da economia brasileira.
Seu impacto vai do crédito à dívida pública, dos investimentos ao bolso de cada cidadão.
Entender a Selic significa entender como o país lida com inflação, crescimento e estabilidade.
Para o investidor, é ferramenta indispensável para planejar a carteira. Para o consumidor, é guia de como os juros vão afetar o dia a dia.